Outro dia, estava entediada na sala de espera de meu médico, folheando uma revista velha —dessas que se espalham pelas cadeiras na maioria dos consultórios — e comecei a ler uma reportagem em que várias mulheres ex-casadas davam um depoimento de como suas vidas ficaram depois da separação do casal.
Algumas se separaram depois de 15 anos de casadas, outras depois de 20, ou 30 anos, algumas com apenas 7 anos de casamento. Todas falavam como era voltar a ser solteira depois de um longo relacionamento. Umas se sentiam “livres” e “renovadas”, outras se mostravam inseguras para procurar novas conquistas. Nesses depoimentos pude perceber que algumas se sentiam: “prisioneiras” do casamento. Não tinham mais a sua própria vida, as suas próprias amigas —, os seus amigos eram os amigos do marido —, não faziam seus próprios programas, não realizavam suas vontades, seus projetos de vida. Viviam em função deles e dos filhos. Umas diziam que quando casadas saíam com seus maridos para um restaurante ou para um cinema sempre acompanhados de amigos, nunca sozinhos para conversar ou dançar. Outras falavam: meus “uniformes” de casadas eram calças jeans, tênis e camiseta.
Pode? Por incrível que pareça pode; e essa é uma realidade com a qual nos deparamos sempre. É comum vermos mulheres jovens, bonitas, vaidosas e arrumadas que se casam e após poucos anos de casamento relaxam no seu visual. Já ouvi mulheres dizerem que já se casaram portanto, não precisam mais viver preocupadas com a aparência, nem precisam mais trabalhar por que seus maridos as “sustentam.”
Particularmente, discordo completamente, pois acho que a autoestima não só da mulher, como de qualquer pessoa, deve estar sempre em primeiro lugar. Nós temos que primeiramente nos amar para depois amar o outro. Se nós mesmas não nos amamos, nem nos valorizamos, fica difícil querer que alguém nos ame e nos valorize. E é justamente isso que acontece com muitas mulheres casadas.
Nos depoimentos que eu lia naquela sala de espera, uma das mulheres dizia que após a separação “voltou a existir” em todos os sentidos. Já não usava mais tênis, jeans e camiseta como um uniforme. Começou a frequentar academias de ginástica, a ir mais ao cabeleireiro, a fazer aulas de dança – coisas que seu marido achava ridículo. Passou a usar sapatos de salto alto, vestidos e saias e caprichava até para dormir.
E aí eu me pergunto: Por que não antes?
Será que algumas mulheres precisam perder seus maridos para se darem conta de que mesmo casadas têm o direito de ter sua própria vida, ter sua própria identidade, seus amigos, seus passeios, seus desejos? Acho que não. Também não acho que nós mulheres devamos nos preocupar com nossa aparência apenas para “prender” nossos maridos.
O casamento não se solidifica apenas por causa da aparência visual mas, principalmente, pelo respeito, pelo amor e pela fidelidade de ambas as partes. No entanto, é preciso que nós mulheres cuidemos antes de mais nada da nossa autoestima para que assim possamos ser felizes e, consequentemente, fazermos o outro feliz também.
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