O segundo turno já está batendo à nossa porta e confesso que me sinto num mato sem cachorro me lembrando da máxima “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Será que o leitor ou leitora se sente assim também?
Estamos cansados de tantas promessas, tanta falácia, tanta corrupção e tão poucos projetos de melhora de vida para o povo.
Não dá para não se indignar, nem se revoltar e nem se calar. O silêncio, a indignação e a revolta precisam ser expressos em palavras urgentemente, mesmo que não sirvam para nada. É impossível para mim ficar calada diante do que vejo e leio todos os dias pela mídia impressa e televisiva.
Como não ficarmos indignados e revoltados quando vemos tanta corrupção, tanto dinheiro público sendo desviados para “orçamentos secretos” e tantos outros mais que nós, pobres mortais” nem sonhamos. Como não nos indignarmos com tantas mortes corriqueiras e recorrentes de crianças e adolescentes por policiais mal preparados.
Como não nos indignar quando vemos tantas mulheres, mães de famílias sendo mortas todos os dias, pessoas assaltadas em plena luz do dia sequestradas e arrastadas de seus veículos. Pessoas famintas, drogadas, mal cuidadas por um poder público que sabemos, não está nem aí para elas. Onde estão “os direitos humanos” destas pessoas? A quem elas irão reclamar? Reclamar aonde? Em que lugar? Com quem? Quem irá ouvi-las?
Ouço o choro destas mães e destes pais. Será que alguém mais os ouve? Onde eles poderão ser ouvidos? Na Polícia Federal ou num Tribunal? Mas que Tribunal? Num Tribunal de “grandes causas”? Será? Será que vai adiantar?
A corrupção mostrada pela TV onde milhões, bilhões e até trilhões - que certamente são tirados da aposentadoria dos idosos, dos impostos pagos por nós cidadãos comuns - mostra que este país parece não ter mais jeito mesmo. É horrível saber que todo esse dinheiro é desviado e passado para mãos de pessoas corruptas e, ao mesmo tempo, pensar nos milhares de brasileiros que dão o suor do seu rosto pelo crescimento do país, mas que não têm muitas vezes um Real no bolso para comprar o pão de cada dia. O preço dos alimentos cada dia mais alto.
Que país é esse? Dizem que é o país do futuro, um país de jovens. Mas que futuro, se balas perdidas matam crianças todos os dias. Que jovens? Se esses, estão sendo destruídos pelas drogas e pela violência entre eles mesmos?
Chega de contabilizarmos mortes desnecessárias e assistirmos assustados e atônitos a tanta corrupção e impunidade. O que queremos e precisamos urgentemente é de políticas públicas efetivas, não apenas promessas; precisamos de segurança para andarmos nas ruas com nossos filhos. Para passear e brincar com eles nos parques sem medo de que uma bala perdida os tirem de nós. Precisamos de educação de qualidade e de empregos para nossos jovens. Precisamos de mais saúde para todos. Precisamos de comida no prato.
É preciso que coloquemos a face para fora das janelas e gritemos bem alto. Basta, Brasil! Chega de impunidade, chega de corrupção; chega de falcatruas. É chegada a hora de se deixar de olhar para os próprios umbigos e tentar encontrar meios de melhorar a vida daqueles que não têm nada e que com certeza precisam de muita ajuda.
Pensem nisso, senhores, por favor, vocês que têm o poder nas mãos.
Valéria Vanda Xavier Nunes
Professora e escritora.