Mais uma novidade destes “tempos modernos. “Expressão usada pelos críticos de ideias de que os gêneros são construções sociais, ou seja, é a ideia de que os seres humanos nascem iguais sendo a definição do masculino e do feminino um produto histórico cultural desenvolvido tacitamente pela sociedade”
Tenho até medo de falar sobre isso; pois me vejo criança no meu modo de ser e agir completamente fora dos padrões desejados para as meninas. Nunca gostei de bonecas. Nem de brincar de médico nem de cozinhados. Gostava era de jogar bolas, de soltar pião, de andar de patinete de rolimã, de puxar carrinho, ou seja; gostava das brincadeiras de meninos. Era muito impulsiva e metida a braba. Nada delicada nem meiga.
Acho que sou assim até hoje. Não mudei muito não. Será que as pessoas me olhavam enviesado? Nunca ouvi nada sobre isso. Nunca sofri bullying por parte de ninguém; nem de adultos nem de crianças. Se me olharam enviesado foram muito sutis.
Acho que o mundo era um pouco melhor “no meu tempo” do que o nos tempos atuais. Eu era a quinta de sete irmãs em meio a cinco homens. Nada mais normal que gostasse de suas brincadeiras. Fico me perguntado muitas vezes que se essa tal de ideologia de gêneros já existisse, talvez hoje, eu fosse um senhor de 64 anos. Meu Deus que loucura! Que ideia mais estapafúrdia.
Muito do que vemos e ouvimos na TV e nos Jornais atualmente versa sobre esse assunto. Estão aparecendo projetos políticos na área da educação onde professores são orientados a ensinar jovens e crianças a compreenderem essas diferenças: ou seja – querem descontruir a heteronormatividade que está enraizada em nossa cultura. Este conceito exposto por “eles” não está relacionado com os fatores biológicos, mas sim, com a identificação do indivíduo em ser masculino, feminino, ou ambos. A pessoa nasce biologicamente menino ou menina, mas com o passar do tempo, ou mesmo na mais tenra idade, se “descobre” diferente em seu contexto social e aí, com o tempo, resolve trocar de sexo. Pera aí! Não é fácil engolir uma ideia assim de uma hora para outra. Ou é? Será que estou errada ou muito anacrônica? Ou preconceituosa demais?
E os pais e os professores coitados, como se sentirão em relação a esse “projeto?” Será que também estão preparados para o que virá? Pensando nisso, lembrei-me de meu tempo de professora de ensino médio na Escola Professor Anésio Leão tempos atrás. Um tempo onde se aprendia na escola as matérias costumeiras, os valores que formam um cidadão, o respeito às pessoas, à disciplina, os direitos e deveres. O principal problema na educação nunca deveria ser com ideologia de gênero — com a desnaturalização entre homens e mulheres —, mas sim com a defesa da escola. Defendendo-a e protestando contra a falta de professor, a falta de merenda, a evasão, o fim da violência escolar. Não precisamos de escolas onde se ensinem os meninos e meninas, os jovens e as jovens a colocar a camisinha para se fazer sexo seguro ou como trocar de sexo se não se sentir à vontade com seu pênis ou com sua vagina.
Bom, pelo menos é isso que penso. Não sei vocês.
Falando nisso, lembrei-me de um fato que se encaixa perfeitamente nesse contexto. Pois bem, na época em que eu ensinava, certo dia, num primeiro dia de aula, fazia a chamada pra ter um reconhecimento geral da turma. Até aí tudo bem. No final da aula, aproximou-se de mim um rapaz “diferente” — diferente por quê? Vocês podem estar se perguntando, e eu explico. Num primeiro olhar, percebi imediatamente que ele estava com lápis preto ao redor dos olhos; depois percebi que suas unhas estavam pintadas, e olhando mais cuidadosamente, dava para ver uma ligeira saliência em seus seios o que denotava o uso de um soutien. Disfarcei um pouco e perguntei o que ele gostaria de me perguntar. Não me surpreendi quando ele me pediu que: quando eu fizesse a chamada, trocasse o nome dele por “Débora”. Não fiquei tão chocada porque já tinha percebido que na “realidade” ele era “homo”. Mas, como nesta época nem se ouvia falar em ideologia de gênero, eu me neguei, e disse que iria chamá-lo pelo nome que constava na caderneta. Só que ele nunca respondia. Era um dos melhores alunos da sala, mesmo sofrendo bullyng — como realmente, sofria dos colegas — o coitado. Embora eu reclamasse dizendo que o que eles faziam com o colega fosse crime. Acho que por isso, comecei a chamá-lo de Débora como ele desejava e, por incrível que pareça, as brincadeiras maldosas feitas contra ele, diminuíram consideravelmente. Com as novas leis que permitem essa troca de nomes, imagino que ele ou ela, Carlos ou Débora, a esta altura do campeonato deva estar muito feliz. Quem sabe já não tenha até mudado de sexo também. Pelo SUS. É claro. Mas uma conquista dos HOMOS e LGBTs.
Mudança de nome e mudança de sexo. É isso.
Não sei onde vamos parar!!